
ANGOLA - CUANGO UIGE : População trava apresentação de novo administrador
A população recusou que o novo administrador Almeida Victor Mbambo fosse apresentado pela administradora do Alto Zaza, Fátima Engrácia José, e a comitiva foi forçada a voltar à procedência, tendo ficado apenas a polícia no local
Oaviso que parecia uma simples ameaça de rebelião contra as novas autoridades desta comuna, agora sob jurisdição do novo município do Alto Zaza, concretizou-se nesta terça-feira, 25, com a
Por : Ireneu Mujoco
vandalização de algumas infraestruturas. A revolta ocorre uma semana depois de um encontro que os regedores desta circunscrição mantiveram com o governador do Uíge, José Carvalho da Rocha, durante o qual rejeitaram subordinar-se ao Alto Zaza, como protesto de a sua comuna não ter sido elevada à categoria de município, no quadro da Nova Divisão Político-Administrativa.
Durante os protestos, liderados por jovens, foram vandalizadas escolas, a sede do Comité Comunal do MPLA, onde destruíram material de propaganda, e, em seguida, colocaram barricadas na estrada que dá acesso à vila, para impedir a entrada ou a saída de pessoas.
O incidente aconteceu numa altura em que funcionários da Administração aguardavam pela comitiva do Alto Zaza, encabeçada pela administradora Fátima Engrácia José, que se dirigia àquela localidade, para apresentar o novo administrador comunal, Américo Víctor Mbambu, que substituiu Mbuia Muteba Armando, falecido em Julho de 2024.
Entretanto, a caravana da nova edil que saía de Quimbele foi também impedida de continuar a sua marcha pela população da regedoria de Suá Ikomba, e só foi ‘resgatada’ dois dias depois pela Polícia Nacional, ido da cidade do Uíge, a capital da província.
Informações de última hora dizem que a caravana sob forte escolta policial escalou a vila do Cuangu Kalumbu ontem ao cair da noite, e para hoje estava previsto um encontro com a população, mas esta reafirmou a sua rejeição em cooperar com as novas autoridades.
Fonte deste jornal confidenciou que este é o primeiro episódio dos muitos que a população levará a cabo até que as autoridades decidam sobre o futuro administrativo do Cuango, que passa pela sua elevação a município, continuar sob jurisdição de Quimbele, ou sob gestão do Uíge, município sede da província.
Avança que o rol de manifestações violentas que a população pretende realizar, é do conhecimento das autoridades da província, do Ministério da Administração do Território (MAT) e de vários órgãos de soberania, aos quais foram endereçadas missivas, mas sem sucesso. “Remetemos várias cartas, reclamamos, deslocamos a Luanda, que é o centro das decisões, para sermos ouvidos, mas fomos simplesmente ignorados.
Por isso decidimos optar por manifestações, para o senhor Presidente da República ter conhecimento, porque o MAT está a esconder este assunto”, desabafa a fonte, para quem a população está de “peito aberto para enfrentar todas as consequências. Rejeição No encontro que os regedores Wedika Tshungo, Lopes Caxala, Mbuia Paxi, e dos sobas Francisco Kahumba, Mawesi Kakunda e Afonso Leão, mantiveram com José Carvalho da Rocha, justificaram conflitos tribais que os afasta coabitar com a população do Alto Zaza, que nunca foram resolvidos pelo Governo da Província e pelo Governo Central. Contaram que as divergências aconteceram em 2012, altura em que foi destituído o Rei do Cuango, Paxi Madioco, pelo Governo do Uíge, durante a vigência do então governador Paulo Pombolo, tendo o trono ter sido entregue ao actual Rei do Uíge, António Charles(Mwana Uta), natural do Alto Zaza, apontado como sendo o mentor dos conflitos tribais, conforme noticiámos numa das nossas edições.
Pomo de discórdia Segundo o regedor Wedika Tsungo, em entrevista a este jornal, no princípio deste mês em Quimbele, a população está desanimada com o Governo da Província do Uíge e com o MAT, por não ter informado sobre a alteração do plano inicialmente concebido.
Explicou que foi o próprio MAT que havia informado que a comuna do Cuango reunia todas as condições técnicas e geográficas para que evoluísse para município, depois da primeira auscultação feita em 2022, para gáudio da população, entretanto, propósito não alcançado. Avançou que os habitantes desta região foram surpreendidos por a sua circunscrição não ter sido contemplada, diferente do Alto Zaza, que a fonte diz não ter sido proposta, mas que transitou para município
Fonte : Jornal Pungo a Ndongo