O Tribunal da Comarca do Huambo, que conduz o julgamento de um caso de alegada organização terrorista, prepara-se para notificar, nas próximas horas, o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, e o líder do Grupo Parlamentar da UNITA, Liberty Chiyaka, para prestarem declarações no âmbito do processo-crime n.º 109/2025.
Contudo, para que ambos possam comparecer em tribunal, o levantamento das suas imunidades parlamentares deverá ser previamente solicitado à Assembleia Nacional.
Nos próximos dias, o Tribunal prevê remeter o pedido à presidente do Parlamento, Carolina Cerqueira, que, por sua vez, encaminhará o processo à Comissão de Mandatos, Ética e Decoro Parlamentar.
Esta comissão será responsável por deliberar sobre a suspensão dos mandatos e a consequente retirada das imunidades dos deputados.
Caso a comissão aprove a solicitação, o parecer seguirá para votação em plenário, onde será tomada uma decisão final. Todo o processo poderá prolongar-se por mais de 90 dias até à sua conclusão.
Acusações contra a UNITA
De acordo com fontes do Imparcial Press, a decisão do Tribunal surge após os nomes de Adalberto Costa Júnior e Liberty Chiyaka terem sido repetidamente citados pelos arguidos durante as sessões de interrogatório realizadas na segunda e terça-feira.
O principal arguido, João Gabriel Deussino, apontado como cabecilha do grupo de sete cidadãos acusados no processo, afirmou em tribunal que teria sido instrumentalizado pelo presidente da UNITA para promover ações subversivas sob o disfarce do projeto político Frente Unida para Regeneração da Ordem Africana (FUROR AFRICANA), criado em 2021.
Segundo Deussino, o fito do projecto era desestabilizar a ordem constitucional, uma vez que, desde 1992, a UNITA não teria conseguido alcançar o poder por via eleitoral.
O arguido revelou ainda que possuía 14 engenhos explosivos, supostamente adquiridos através do seu irmão Creciano Capamba, funcionário da organização humanitária Hallo Trust, também arguido no processo.
Além disso, afirmou que recebeu 60 novas granadas de indivíduos que descreveu como os “timoneiros do projeto”, entre os quais mencionou Adalberto Costa Júnior.
Quando questionado pelo juiz-presidente Cipriano Catito Tchivinda sobre o propósito da posse desses explosivos, Deussino declarou que o plano era “inviabilizar totalmente o país”, atacando infra-estruturas estratégicas como centrais hidroelétricas, pontes, refinarias e antenas de telecomunicações.
Plano para criar instabilidade
O arguido descreveu o suposto plano como uma tentativa de gerar um ambiente de caos e guerra civil. No entanto, alegou que decidiu abandonar a ação ao perceber que as promessas feitas pelos seus superiores não foram cumpridas, incluindo a de que as operações seriam realizadas fora do território angolano.
“Os timoneiros pretendiam transformar esses atos em trunfos políticos, mas a ação falhou porque eu deixei falhar”, declarou Deussino durante o interrogatório.
Os arguidos, atualmente em prisão preventiva, reiteraram várias vezes os nomes de Adalberto Costa Júnior e Liberty Chiyaka, alegando que ambos estavam diretamente envolvidos na preparação do alegado atentado.
Segundo os depoimentos, o objectivo da suposta acção seria comprometer a visita do então Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, utilizando a cobertura da imprensa internacional para projetar o caso e gerar uma crise de proporções globais.
Com o desenrolar dos acontecimentos, aguarda-se agora o posicionamento da Assembleia Nacional e os próximos passos da defesa dos líderes da UNITA perante as graves acusações que pesam sobre os seus nomes.
Fonte : Imparcial Press