
A primeira resposta é aquela que ninguém põe em causa. Temos país.
Pode parecer uma evidência/redundância dizer isto, mas já houve momentos desta trajectória em que o desafio foi continuar a ter país.
Eram os tempos em que o desafio maior se chamava sobrevivência diante das ameaças de desagregação que a guerra colocava a todos nós, com a agravante de ser um conflito interno.
Os tempos da guerra pertencem definitivamente ao passado, queremos todos acreditar que assim continuará a ser nos próximos 50 anos, mas já não estaremos presentes para fazer o balanço do primeiro século da nossa independência.
Depois do que se está a passar no mundo e apesar de agora o princípio ser aquele que nos diz que nada está tão mal que não possa ficar ainda pior, na parte da guerra estou convencido que as lideranças angolanas não voltarão mais a pegar em armas para dirimir as suas diferenças políticas.
Todos sabemos que a guerra não é uma inevitabilidade, sendo sobretudo uma opção dos políticos. O que se passou em Angola não foi diferente, embora às vezes algumas narrativas desculpabilizadoras se refiram a guerra como um fenómeno quase extra-terrestre que nos foi imposto ou pura e simplesmente atirem as culpas para o “parceiro” como se fosse possível dançar o tango sozinho.
Cada um de nós com as suas experiências, com o seu passado e com o seu presente terá,certamente, uma resposta para a pergunta que aqui colocamos no inicio.
Não posso, nem quero ser porta-voz de ninguém. Não tenho jeito nenhum para, em concreto, falar em nome dos outros.
Da minha parte está mais do que claro que hoje, após 23 anos de paz, ainda estamos muito longe de ter o tal o país bom para se viver, que numa outra linguagem se chama paz social, um conceito que para mim resume tudo o que uma governação deve almejar.
Não temos esse país e de facto já podíamos ter ou, no mínimo, já poderíamos estar mais perto dele. Bem perto mesmo.
O drama neste virar de página que hoje estamos a assinalar com toda a pompa e circunstância é que nos afastar da paz social.
E desta vez não se pode dizer que não há responsaveis por este distanciamento…
Por: Reginaldo Silva