Num comunicado divulgado no ‘site’ da Brenthurst Foundation, a Plataforma dos Democratas Africanos (PAD) sublinha que a sua terceira reunião decorreu em Benguela na sexta-feira (14.03), “apesar de todos os esforços do regime angolano” para impedir a sua realização, apontando “uma campanha sistemática e cínica para atacar e minar o progresso no sentido da democracia e da responsabilização em África por parte de um regime que se apresenta como uma democracia”.
A PAD, que se apresenta como um “consórcio internacional de democratas”, incluindo a Fundação Brenthurst – entidade que coorganizou o evento com a UNITA -, recorda que Angola foi escolhida por presidir atualmente à União Africana.
O evento em Benguela, intitulado “O Futuro da Democracia em África”, visava debater formas de promover “uma maior abertura e responsabilidade democrática face ao crescente autoritarismo”, tendo sido convidados vários ex-chefes de Estado e dignitários, membros do governo e líderes da sociedade civil e dos partidos da oposição.
Entre os que se deslocaram a Angola contam-se Ian Khama, antigo Presidente do Botswana, Moeketsi Majoro, antigo primeiro-ministro do Lesoto, Andrés Pastrana, antigo Presidente da Colômbia, e Othman Shariff, primeiro vice-presidente de Zanzibar, bem como o político moçambicano Venâncio Mondlane.
No comunicado, assinado pelos convidados e participantes da reunião de Benguela, a PAD destaca que o regime responde à reunião recusando vistos “por razões técnicas” a vários delegados, incluindo os do Uganda (um dos convidados seria o líder da oposição Bobi Wine).
Outros 12 que tinham vistos ou eram elegíveis para vistos à chegada foram retidos no aeroporto e deportados antes de serem autorizados a entrar, incluindo convidados do Quénia, Etiópia, Uganda, Tanzânia, Moçambique e Sudão do Sul.
Segundo a PAD, outro grupo, que incluía Khama, Majoro, Pastrana, Othman e 24 outras pessoas, foi detido no aeroporto durante nove horas sem qualquer explicação, tendo os seus passaportes sido devolvidos quando já era demasiado tarde para apanharem o voo previsto para Benguela.
“O governo alegou que iria compensar estas ações fornecendo transporte para levar os delegados a Benguela no dia seguinte. No entanto, várias viaturas ‘avariaram’ no caminho para o aeroporto, foram dados vários destinos diferentes e, finalmente, não foi disponibilizado qualquer avião”, refere a PAD na mesma nota.
O governo angolano até ao momento não prestou quaisquer esclarecimentos sobre o incidente.
Para a PAD, estas ações “apontam para uma campanha sistemática e cínica para atacar e minar o progresso no sentido da democracia e da responsabilização em África por parte de um regime que se apresenta como uma democracia”, já que em nenhum momento foram dadas explicações sobre a detenção ou deportação dos participantes na conferência.
“A verdadeira natureza do regime angolano foi exposta”, salienta a PAD, considerando que o regime quis “humilhar e embaraçar antigos chefes de governo africanos e aqueles que desejam discutir a democracia”.
Por isso, a plataforma apela “ao Presidente João Lourenço para que apresente um pedido público de desculpas aos chefes de Estado detidos, aos delegados deportados e aos que foram perseguidos pelos esforços do seu regime para impedir a reunião”.
Fonte : DW