
FNLA em chama: Nimi a Simbi expulso da reunião e acusado de transformar partido em empresa familiar
A Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) vive um dos seus momentos mais conturbados dos últimos anos. De acordo com um comunicado, em posse do Imparcial Press, a Direcção do partido anunciou a suspensão da V Reunião Ordinária do Bureau Político, marcada para sexta-feira, 26, em Luanda, alegando razões técnicas e de força maior.
Contudo, informações internas revelam que o verdadeiro motivo do cancelamento foi a escalada de tensões e conflitos internos durante o encontro, que chegaram ao ponto de culminar na expulsão do presidente do partido, Nimi a Simbi, da sala de reuniões, por parte de membros do Bureau Político.
Segundo uma fonte do Comité Central da FNLA, que preferiu anonimato, o presidente do partido demonstrou falta de ética, educação moral partidária e civismo, comportamento considerado inaceitável pelos militantes presentes.
“(…) um presidente deve ter calma, educação e disciplina. Deve saber ouvir as propostas dos seus membros, mesmo quando discordar. Infelizmente, isso faltou ao presidente Nimi a Simbi”, disse.
A tensão teria sido desencadeada após o militante Ndonda Nzinga, antigo secretário para mobilização e propaganda, apresentar uma proposta de emenda à agenda.
A reação do presidente foi uma gargalhada em tom de desdém, o que inflamou os ânimos de Ngola Kabangu, antigo presidente da FNLA, que interpretou o acto como desrespeito à liderança e ao partido.
No dia seguinte (sábado, 27), Nimi a Simbi convocou uma conferência de imprensa em Viana. No entanto, nenhum órgão de comunicação social compareceu.
Diante da ausência da imprensa, o presidente autorizou o próprio filho a entrevistá-lo, fingindo ser jornalista. A atitude gerou duras críticas dentro do partido.
“A FNLA não é empresa do presidente. Como é possível um filho entrevistar o pai para maquiar a crise interna do partido?”, questionou o militante.
Outro ponto controverso envolve a indicação de comissários à CNE (Comissão Nacional Eleitoral). O presidente é acusado de remover o filho do secretário-geral da FNLA em Luanda e substituí-lo por seu próprio filho, alegadamente por favoritismo familiar.
Além disso, fontes internas alertam que o presidente está a transformar a FNLA em “um monopólio pessoal”, usurpando competências do Comité Central, que é o órgão máximo do partido.
“O Comité Central está acima do presidente. Ele não pode se colocar como figura suprema. A estrutura do partido deve ser respeitada”, acusou.
Durante a mesma reunião, também se registou uma tentativa de agressão física entre os militantes José Afonso Makendelua (secretário para as organizações de massas) e Kiaku Samuel Kiala (ex-secretário da JFNLA). O episódio reflectiu o nível de tensão e descontrolo dentro do encontro.
“Na FNLA é normal que se partam as cabeças. É um partido de sangue”, comentou ironicamente um dos militantes presentes.
FNLA está doente
O clima de divisão e instabilidade gera preocupação quanto ao futuro político da FNLA, principalmente com as eleições gerais de 2027 no horizonte.
O mesmo membro do Comité Central alertou que “se continuarmos assim, a FNLA corre o risco de sair das próximas eleições com resultado extra-parlamentar. Isso será um fardo que o presidente e os seus aliados ditadores terão de carregar”.
O militante ainda reforça o apelo aos restantes membros. “Se o presidente voltar a apresentar esse comportamento, ele e seus apoiantes devem ser expulsos. O partido é maior do que qualquer indivíduo”, finalizou.

Por: Ngola Ntuady Kimbanda Nvita