
A revolução popular contra o MPLA começou, disse o jovem líder da oposição angolana Nelson Dembo, conhecido por Gansgta, em frente à sede das Nações Unidas em Nova Iorque.
Angolanos manifestaram-se esta segunda-feira (29.09) em frente à sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, contra a presença do Presidente João Lourenço nas comemorações dos 80 anos da ONU.
Um pequeno grupo de angolanos participou do protesto. Eram poucos em número, mas a sua menasagem era forte: “João Lourenço é um ditador e não merece estar nos Estados Unidos da América.”
Segundo os organizadores, o protesto visou mostrar à comunidade internacional que os angolanos não se resignam perante aquilo que classificam como injustiça, explica o ativista angolano Nelson Dembo, conhecido como Gansgta:
“Nós podemos mudar o curso da história de Angola.
Parece loucura o que estamos a fazer, mas não se esqueçam que loucos abram caminhos para que os intelectuais possam passar.
Não se esqueçam que loucos enfrentam pela coragem”, disse.
O especialista em Relações Internacionais, Osvaldo Mboco, sublinha que a manifestação tem relevância não apenas política, mas também simbólica.
“A manifestação é um dos valores da democracia.
Normalmente, quando os cidadãos sentem descontentamento em relação a determinada situação, têm este direito de se manifestar. Este gesto tem sempre um simbolismo: é a demonstração de descontentamento,” afirmou.
Mensagem simbólica
Para o ativista Gangsta, a iniciativa foi também uma forma de dar visibilidade às preocupações dos cidadãos angolanos fora do país.
“Podemos declarar agora uma luta de revolução popular. O MPLA precisa sair do poder!”, acrescentou.
Sobre os possíveis resultados práticos destas mobilizações, Mboco foi prudente.
“As manifestações têm a característica de pressionar os governos a tomar, ou a não tomar, determinadas decisões. Agora, se vão ou não produzir efeito, isso dependerá muito da forma como as autoridades angolanas olharem para estas exigências e se estarão dispostas a adotar políticas que respondam ao descontentamento dos cidadãos,” destacou.
Para o especilista, a diáspora angolana desempenha um papel cada vez mais relevante na vida política e na projeção externa do país.
“Já no processo eleitoral passado vimos a sua contribuição.
O próprio Presidente João Lourenço reconhece que os angolanos dentro e fora do país são todos cidadãos e devem ser tratados de forma igual,” afirmou.
Entretanto, no sábado (28.09) o ministro angolano das Relações Exteriores, Tete António, foi alvo de hostilidades pelo grupo de manifestantes em Nova Iorque e a polícia precisou intervir.
“Independentemente de salvaguardamos os direitos à liberdade de manifestação, em África, respeitamos os mais velhos” criticou Osvaldo Mboco.
A manifestação de hoje em Nova Iorque procurou, segundo a organização, enviar uma mensagem de insatisfação à comunidade internacional e às autoridades angolanas, num momento em que se discutem os desafios políticos e sociais que o país enfrenta.
Fonte: DW